segunda-feira, maio 28, 2007

Metamorphisis after Kafka; Paula Rego
Não digam a ninguém. Não espalhem a noticia. Não transformem um acontecimento em ruído, em bulício democrático. Não partilhem farsas mediáticas nos palcos fátuos.
Um dia a máscara esvanesce e o tempo farto de esperar, desiste de continuar.

quinta-feira, maio 24, 2007

São como um cristal,
As palavras.
Algumas, um punhal,
Um incêndio.
Outras
Orvalho apenas.
Eugênio de Andrade

Na monomania crónica pelo ininteligível, esconde-se o romantismo bacoco de poetas sob o efeito de fumos exóticos e líquidos mal fermentados. Os diagnósticos escritos de mal-estar emocional, são pretexto para fantasias introspectivas e egoístas, partilhadas em assembleias voluntárias na esperança que os constituintes indultem tamanha desonestidade narrativa.

quinta-feira, maio 17, 2007

Maldoror

Foto de Fátima Inácio Gomes
12 de Maio, Teatro Circo em Braga, MALDOROR por Mão Morta.


"Estou sujo, roído pelos piolhos e os porcos quando olham para mim vomitam"

Não sou capaz de escrever sobre música, apesar de ser uma necessidade básica ao meu bem estar, ouvi-la.
Li as criticas a este espectáculo nos jornais de papel, nos jornais on-line e em blog`s. Não tenho mais nada a acrescentar, apenas que nenhuma outra banda nacional me levaria a rasgar o asfalto para ser afrontado, com um prazer imundo, pelo grotesco.

terça-feira, maio 15, 2007

Insónia

Alguém nos habita
Apesar de nós
Alguém cujas palavras
São os nossos silêncios
·
Escreves para produzir um pouco de ruído
Para ouvir passar a tua vida

Jean-Louis Giovannoni


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Palavras desprevenidas na desordem fútil que suporta o que acontece.

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Não, esfinge de olhos amarelos. Fui eu que arranquei as ervas daninhas, eu disse que o estrume dos animais que te aconselham iriam fazer com que elas crescessem. O meu caminho está limpo, são os escribas que me atormentam e não a tua hostil opinião sobre a vegetação do meu jardim. Não adianta desviares o olhar quando me vês a falar com as árvores, organizar conspirações e guerras com os ventos, eu sei que estás aí.

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Desconheço qual é o meu ascendente, astrologicamente falando, ou melhor – escrevendo! Não quero saber o que os astros a montante me destinaram a jusante. Não acredito em extraterrestres, celestes ou marcianos. A não ser que Darwin seja o criador do horóscopo.
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Agora a sério:


  • O General estrábico queria que eu o mutila-se depois de fazer um transplante ao cotovelo. Eu disse que aos fins-de-semana não vou ao médico.

  • Duas mães ofereceram uma ratoeira, com a condição de não comer aos ratos que lá caíssem. Aceitei. Não gosto de comer animais que não estão em vias de extinção.

  • Uma borboleta tocou-me. Eu olhei para ela, tropecei e caí. Ela riu-se. Eu espanquei-a até que vomita-se a lagarta que vivia dentro dela. As mais belas borboletas são feias por dentro.

  • Dei uma cabeçada numa árvore, ela começou a resmungar. De seguida um cão mijou nela, e ela não disse nada. Perguntei-lhe porquê, ela respondeu que não gosta de Hipopótamos.

segunda-feira, maio 14, 2007

Songs for the deaf

Teen Age Riot

Parecem bandos de pardais à solta, os putos.
Adultum est! Exclamam, como que injuriados, a nociva corja infantil. Isto só porque me esqueci de lhes comprar um gelado. È o consumismo que dita a solidariedade entre gerações, não me lixem.

Little Arithmetics

Traçaram uma tangente entre a minha paciência e a minha diarreia. Logo hoje que eu queria ser um magnicida. Fazia um atentado contra um tubarão que manda no Marão, e doava as entranhas deste peixe graúdo, ao cientista mudo.

These Days

O lobo mau (os lobos são todos maus) seguiu um porco. Este fugiu para a pocilga, e dali saiu uma cobra atrás do lobo para o morder. O lobo mau (os lobos são todos maus) fugiu para a serralharia. Aqui estava um cavalo. O cavalo morreu com o susto e o lobo sorriu, deixou de ser mau.

You Don’t Speak My Language

Guarda a manhã como uma rosa,
Molha-a, que a noite vem aí.
Dorme tu nos espinhos; goza
O que é próprio de ti.
Vitorino Nemésio

sexta-feira, maio 11, 2007

-Agora que terminada a cimeira entre o Ministro dos Conflitos e o Ministro dos Negócios, elaborou-se o Manifesto Contra Um Mundo Melhor. Conto consigo para a validação dos seus pressupostos.
-Não é nada comigo, desculpe.
-Tem razão.
-Gostei sobretudo da parte em que se deita enxofre às crianças.
-Mas não é nada consigo.
-Tem razão. Desculpe.
-Eu não quero saber das crianças! Tenho fome.
-Mas o almoço é só para participantes activos e predestinados a evoluir mentalmente para o limiar do absoluto...
-O quê???
-... Com capacidade técnica de avaliação cognitiva...
-Larga o enxofre pá!
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Na minha peregrinação à Patagónia, tive de fazer um pequeno desvio. Pediram-me a opinião sobre uma estufa para a criação de idosos no Alentejo. A ideia era boa, mas Saturno (deus das sementeiras), vetou o negócio.
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quinta-feira, maio 03, 2007

Francis Bacon: Story for the Head of a Screaming Pope



Recordações do que mexeu agora mesmo.
Uma odisseia de momentos na lonjura do tempo comum,
História que se repete,
Fumo devolvido pelas cinzas.
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Anacoreta metodológico,
Incoerente e inebriante,
Ocaso.
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Parar no meio de ossos encharcados,
Um pensamento de desassossego
Numa alucinação tão sóbria, que irreal.
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Um simples objecto com um sarcasmo
Grotesco,
Numa tarde escura e parada.
Que fastio tão descabido.

quarta-feira, maio 02, 2007

Balelas

Os sindicatos dos atávicos, mudam para o que parece, e o que parece não é. Ele há quinhões de chapéus para encobrir cabeças fátuas, cientistas de fábulas burocráticas que comandam a vida produtiva. É fácil semear estradas, colocar electrões, oferecer fogos estúpidos, construir novas formas de gravar teimosias, mistificar a masturbação sustentável. É tão fácil a auto – citação que liberaliza a auto – flagelação. A responsabilidade sem opressão, é uma ilusão da estatística dos gráficos humanos.